quinta-feira, 21 de abril de 2016

Nordestino Sonhador

NORDESTINO SONHADOR


Ainda quando menino 
Lembro – me muito bem 
Quando meu pai me alertava 
Dizendo dos desatinos sofridos 
Das desavenças do destino. 


Ao chorar era achegado 
Com olhos de rapina 
Dizendo que na vida 
Cada lágrima tem seu valor 
No silêncio da noite limpando a alma 
Para o calor de um novo dia. 


Assim cresci e homem feito 
Trabalhei muito até os calos 
Sofrer mais que as dores na mão. 
Arrumei uma companheira 
Cheia de formosura rica na lida 
Criativa no forno fogão. 


Não demorou muito os filhos 
Chegaram no total de três 
Esses por sua vez ajudaram 
Na construção de nossa casa 
Como puderam... Escola era necessário 
Desde o primário se via logo o interesse 
De cada um pelos estudos sim senhor 
Não gostavam muito da lida do campo 
Desejaram ser doutor... Menino quando sonha 
Guarda todo tipo de segredo 
Dentro da fronha. 


Nessa terra que tudo dá quando chove 
Passamos por provação Divina 
Foram dias de muita dureza 
Eu, a mulher, os meninos e a menina 
A velha sina do nordestino. 


Veio a doença e a mulher se foi 
Logo depois os filhos tomaram rumo 
Na vida... 
Todos, pessoas de bem, não foram ladrões 
Nem rapariga. 
Terminei sozinho nessa imensidão de terra. 


Com a desventura fiquei cada vez 
Pobre, solitário nada mais plantei 
Agora era apenas recordações perdidas 
Até a luz me tiraram, ficando apenas 
O brilho das estrelas desses sertões 
De luas frias... 


Hoje na estrada todos passam 
Veem uma casa abandonada 
Não me enxergam 
Virei uma alma penada. 
Apenas esse poeta em sua jornada 
Viu uma beleza e desejou contar 
Em versos essa estória de um nordestino 
Sonhador. 


Fernando Matos
Poeta Pernambucano


Menina da Colina

MENINA DA COLINA

Menina da colina,
Olhos pretos como a noite sem fim
Enlouquece os que passam
Na estrada igual a mim.
Cabelos longos feitos sonhos
Afrodisíacos.

Menina da colina
Com seu vestido vermelho carmim
Transcender a beleza, ave de rapina.

Lábios carnudos
Inebriado ao som da cachoeira
Voyeur da natureza
Em teu corpo nu.
Seios cálidos
Anseio unir realidade
Em verdade.

Menina da colina
Com seu vestido vermelho carmim
Transcender a beleza, ave de rapina.

Reunião de imagens e ideais
Fantasia, fuga da realidade
Demorei, então a Menina/Mulher
Partiu no trem da ilusão...
Fui culpado em parte
Em ser covarde,
Em ser sonhador
Misturando linhas do sonho em verdade.
Minha idade poética
Permite o que não existe
Esperanças vazias em noites frias
Calor sem razão em entusiasmo de verão.

Menina da colina
Com seu vestido vermelho carmim
Transcender a beleza, ave de rapina
Da minha ilusão.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano








sábado, 9 de abril de 2016

Fotografia

FOTOGRAFIA


Viajo nas lembranças
de uma imagem
em preto e branco,
perdida no canto
escuro de um quarto.

São recordações que
não se faz mais presente
de momentos ainda
constantes na ativa
consciência,
renovada no silêncio
de um olhar diário.

Estou feliz em saber
que mesmo procurando
no negativo a imagem
parceira...
Sempre mudo a posição
de uma personagem
viva em minha imaginação.

Fernando Matos
Poeta Pernambucano


segunda-feira, 4 de abril de 2016

MULHER

Mulher


Soluço só em pensar em ti
Transpiro imaginando o perfume
Orgasmaticamente que já senti
Valorizo o olhar, relume Vital.

Esboço o choro carente
Brado teu nome em nuvens
Minha alma ausente
Vertigens de um sonhador.

Abarco tendo em si
Todo o segredo noturno
Rosas para ti amada Mulher
Libidinoso desejo 
Que as manhas me fazem renascer.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano