segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Origens


Origens


A esperança por trás dos montes é incerta
Beleza que se vive necessita ser agora
O quanto antes de o dia ir totalmente embora.
A Liberdade humana é a grande descoberta...

Passado que se perde nas páginas empoeiradas
Lágrimas que encheram os mares de saudade
O luto que originou uma descontinuidade...
Lembrando origens, não evita as almas exiladas.

Laroié... Èsú.
Guardião das aldeias sempre em movimento
Colocando a comunicação no princípio da ordem
Disciplina certa que a todos convém...
Seguir o verdadeiro caminho do bem.

Ogumyê... Ogum.
Lições que não se perderam no tempo
Reconhecendo todo e qualquer sacrifício
Seja na guerra, com coragem no exercício
Diário como o Grande Guardião do Templo.

Odé ô... Oxóssi
Natureza rica entre suas relações
O equilíbrio que produz a fartura
A caça através do conhecimento
Inspirando profundo entendimento
Abundância viva de bravura.

Atotô... Obaluaê.
O desconhecido que inspira medo
Guarda segredos de toda cura
Senhor das doenças assim considerado
Na vida nenhuma revelação é por acaso
Na Lei Eterna nada se mistura...

Saluba Nanã...
Senhora das águas paradas
Sempre presente no centro da terra
Aos idosos é sua protetora
Dos doentes é a embaixadora
Aliviando suas terríveis dores.

Arroboboi Oxumarê
Que nunca se cansa da vida e da beleza
No mundo onde tudo se completa
Com mobilidade, agilidade e destreza
Trazendo realizações em abundância
Caminha da felicidade em espírito de concordância.

Obà Siré... Obá
Senhora das águas fortes
Orixá consciente do seu poder
Reivindicando os seus direitos
Perante todos assim se faz ver.

Ora Yêyê Ô, Oxum!
Entre rio e as cachoeiras
Traz consigo o dom da beleza
Símbolo de amor e sensibilidade
Característica plena da majestade.

Odó-Iyá... Yemanjá
Essência da fertilidade
Natureza que dá sentido à família
Geradora do sentimento puro do amor
Afeto de coragem e fervor
Júbilo de plena maternidade.

Kawó Kabiesilé... Xangô
A força e o poder do líder importante
Energia que inspira seus seguidores
Senhor da justiça, unificando as nações
A suportar com garra e coragem suas dores.
A voz que ecoa através dos trovões...

Epahei Oyá... Iansã
Salve os ventos e raios...
Senhora de todas as tempestades
Controlando com veemência as maldades
Sempre presente nos campos de combate
Aliada da justiça soberana
Que em tudo reina e emana equilíbrio.

Êpa Bàbá... Oxalá
Louvado seja toda a criação
Que no sentimento forte de fraternidade
Leva a união de todos os Orixás.
Alheio a toda e qualquer tipo de violência
Tem por excelência amar a ordem e a pureza
Harmonia suprema em toda a natureza.

Kolofé Olorum
Divino Criador e Onipotente
Arquiteto do mundo além do firmamento
O princípio de tudo no Universo
Respeito e reverência através destes versos
Infinito seja Vossa Sabedoria a toda Vida
Mistério que anima a prosseguir a caminhada
Até a última morada, a terra prometida.

Outrora o sonho foi quebrado por choro e tristeza
Estava muito além de qualquer cultura ou origem
A Grande Mãe nunca abandonou seus rebentos
Dando-lhes em silêncio a força do pensamento
A Liberdade de um povo é sua maior riqueza.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano


sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Ciclo


Ciclo



Assegurar as definições ou as transformações?
Não sabemos o início de tudo, mas seguimos em frente
Sem pestanejar, chorando muito ou simplesmente contente...
Vamos apreendendo a cada novo ciclo com as nossas mudanças.

Mudar é preciso para evoluir...
Aceitar a alteração é algo inimaginável
Talvez porque esperar seja mais confortável
Ao invés de criar uma nova realidade sem aluir
Tudo que seja exclusivamente mutável.

Ontem, agora e quem sabe amanhã vamos coexistir
Com as mesmas ou novas formas e essências
Típicas evolutivas de qualquer existência...
Desenvolvimento de uma espécie que irá permitir
A Luz de um Novo Tempo por consistência
Na real e profunda transparência...

Para desenvolver é preciso buscar o sentido atual
A contemporaneidade faz morada em mim
Estado de plenitude ética e moral...
Semeando tâmaras ao invés de jasmim
Há ciclos de tempos...
Que renova a cada manhã os pensamentos
Haverá ciclos de explosão...
Transformando o rancor em união
Será essa frequência de equivalentes períodos
A razão de toda a nossa duração aqui na Terra...
Espaço de evolução indefinida,
Seres universais sem uma distância real percorrida.
Estamos em constante processo de conhecimento
Intervalo de tempo para cada novo entendimento.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano


domingo, 23 de dezembro de 2018

Natal Nordestino


Natal Nordestino



Apreendi desde menino...
A respeitar as tradições
Nunca faltar às devidas orações
Sendo grato a tudo que é Divino.

Minha terra tem sertão?
Tem sim senhor, lugar de muito apreço
Região que acolhe com a maior consideração.

Como é o Natal?
Nada muito luxuoso...
Entretanto tem a família reunida
Agradecendo a Deus pela comida
De todo dia e o teto para guarida...
Tem a missa em adoração ao Nosso Senhor
Verdadeiro sentido desta linda festividade
Comemorar com alegria o natalício do Salvador

Emoção maior não há nesta Natividade
Do mais velho até o de pouca idade
Aprende-se a demonstrar gratidão
Dificuldades até podem aparecer
Todavia devemos agradecer em oração
A toda manifestação da Divina Providência
Pois de nada adianta a fartura ter
Se não houver respeito e a devida obediência...

Natal Nordestino é repleto de Luz Interior
O valor que temos por dentro é revelado
Com as mãos elevadas ao céu em gratidão
Ó Deus Nosso Senhor, brilho do Divino Amor.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano


quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

O Rio dos Ventos


O Rio dos Ventos


Não importa onde nasce a tempestade
Sentimentos irão continuamente se agitar
Vozes ecoarão mais forte que um trovão
Tudo porque faltou comunicação e caridade...

Nada é tão intenso que a perturbação do pensamento...
O grande tumulto tem sua origem no silêncio do quarto
Paredes que escondem as lágrimas como herança...
A esperança não se divide no abandono do sentimento.

Paramos de discernir para fantasiar as loucuras alheias
Ilhas de enormes e constantes perversidades
Somos sentenciados por termos sagacidade
Talvez a salvação humana esteja no ventre das baleias
Entretanto até elas são exterminadas por nossa maldade.

O mau tempo sequer chegou e os ventos ainda trabalham
Na limpeza da mãe terra... Bons frutos estão apodrecendo
Até nas mais intimas orações estamos morrendo...
Apenas os animais entre si sobrevivem e confiam... Na eternidade.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

A Modernista


A Modernista


De cenas e retratos da vida cotidiana
Até enredos psicológicos mais complexos
Veremos eternamente a beleza em versos
Retratando linguagens além da figura humana.

A literatura foi sua fuga à Liberdade...
Ainda muito nova realizou-se com esmero
Escritora livre conquistou solo brasileiro
Alcançando nível absoluto de majestade.

Caminhando pela poesia até o palco teatral
Deixou um caminho sem ilusões
Emanado Luz com sua escrita fenomenal
Até hoje o Recife vive um retrospecto
Homenageando com magnificência
A escritora que conquistou o Brasil...
Clarice Lispector... Aptidão e Excelência.

Fernando Matos

Poeta Pernambucano





sábado, 8 de dezembro de 2018

Oração da Manhã


Oração da Manhã


Mãos elevadas ao alto para reverenciar
O novo amanhecer e reconhecer
A energia infinita e a grandeza
Da mãe Natureza que desponta com vigor
Após um merecido descanso noturno
Gratidão aos irmãos que durante a noite
Labutou para assegurar
A vida cotidianamente de progresso.
Lida de muito esmero para garantir segurança
No ir e vir nosso diariamente...
A todos o mais sincero reconhecimento.
Que esta manhã nos traga um novo olhar
No caminhar que inicialmente veio no despertar
Do espírito para manutenção da valorosa missão.
Seguir em frente e ser sempre persistente
Na Divina Evolução, sem isso não haverá razão
De estar presente, construindo um infinito futuro.
A lida deverá ser reconhecida como evolutiva
Reconhecendo o esforço das grandes batalhas
Travadas por nossos ancestrais...
Com o auxílio de Divino Criador
Assim possamos sempre olhar
À frente deixando para trás na história
Lágrimas na trajetória que se transformaram
Em Glória... Nunca desistir e com Fé Prosperar.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano


sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Oração da Noite


Oração da Noite


Na lentidão do cair da tarde
Meu coração ainda arde
De energia da laboriosa jornada.
Agora no início da grande noite
Com a matéria um pouco cansada
Peço a Virgem Santa Maria em Oração
A Divina Proteção...
Que nos envolva em Seu Majestoso Manto
Aliviando o peso da longa caminhada
Rogando ao Divino Espírito Santo
Paz, Luz e Harmonia...
Que nossos corações envolvidos
Em laços de preces ao Plano Superior
Seja maior que a nossa dor física
Que possamos nos fortalecer na alegria
De viver um novo dia...
Continuar a crer que a missão
Tem a orientação da Divina Criação,
Assim jamais estaremos em total abandono
Pois o Dono do Mundo nunca descansa
Em cada novo amanhecer teremos a certeza
Da Vossa Eterna Segurança... Boa Noite, Bom Descanso.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano



quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Solidariedade


Solidariedade


Existe uma relação entre a humanidade
Que envolve o mais puro dos sentimentos
A emoção global dos mais nobres acontecimentos
Demonstração de alegria através da Solidariedade.

Consciência que vai além da nossa capacidade
Na assistência física ou espiritual sempre presente
Sensação de Paz, Saúde e Prosperidade
Bem vivos entre a Natureza Humana eternamente...

Benevolência se faz com presença constante
A mão estendida é muito mais que um refúgio
É o Poder Translúcido do Divino Pai Eterno
Sempre Fraterno e Inalterável Amor Fascinante.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano






terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Rosa do Deserto


A Flor do Deserto


Em devaneios encontrei uma ilha no deserto
Absoluta solidão na minha rica imaginação
Um frio atroz sufocava meu grito de alerta
O velho poeta estava solitário e sem atenção...

Se em tudo versamos e construímos canções
Transmito sons de calmaria às almas preciosas
Quem sente a força invisível do amor...
Vaporiza perfumes de rosas...

Na periferia de qualquer lugar inóspito
O barco do afeto resgata habitantes solitários
Isolamento que posterga a energia transcendental
Precisamos unir as rosas do deserto espiritual
Expandir a Luz dos Missionários
A razão pura entre dois tempos sempre será vital...

Fernando Matos
Poeta Pernambucano



Parque do Sol


Parque do Sol


Mais uma manhã de grandes descobertas e lá estava Aprício sentado em seu banco de praça lendo o jornal. De repente aparece Matheus, um jovem angustiado...

Matheus: Bom dia...
Aprício: (educadamente) Bom dia jovem, um lindo dia não acha?
Matheus: Sim, um lindo dia para morrer...
Aprício: (interrompendo) Como disse?
Matheus: De que adianta viver sem estar vivo.
Aprício: Uma boa colocação leu em algum livro ou criou isso agora?
Matheus: Não acredita em mim não é? Estou preste a tirar minha própria vida...
Aprício: Que não seja aqui na minha frente e nem no parque, acabaram de limpar tudo.
Matheus: Debochando de mim? Não seria o primeiro...
Aprício: Nem você...
Matheus: O quê?
Aprício: A tentar contra a própria vida. Você meu jovem...
Matheus: Meu nome é Matheus...
Aprício: Que seja... Matheus todos os dias nascem milhares de pessoas e também morrem outros milhares. O que diferencia isso tudo é o modo como nascemos e de que forma iremos morrer... Suicídio é apenas a maneira egoísta de pensar que tudo será resolvido.
Matheus: Sou apenas mais um?
Aprício: Sim, apenas mais um ponto na multidão...
Matheus: Eu sabia...
Aprício: Não, não sabia e não sabe agora. Todos nós somos um ponto na multidão e o que irá diferenciar é como usaremos essa pontuação corretamente.
Matheus: Como assim, você é cheio de metáforas.
Aprício: A Vida é a primeira metáfora...
Aprício: Olhe bem no parque Matheus... Esse parque se chama “Parque do Sol” porque quase não tem muita sombra para aliviar o calor e mesmo assim está sempre cheio de pessoas.
Matheus: Ainda não sei aonde queres chegar...
Aprício: Todas as manhãs eu venho aqui e nesse mesmo banco leio o jornal e ainda observo as pessoas, as mesmas pessoas todos os dias e a cada nova manhã elas se apresentam de uma maneira diferente...
Matheus: Diferente...
Aprício: Observe as crianças, elas estão naquele quadrado de areia cada uma com o seu brinquedo e suas interações são por olhares e não pelos brinquedos. Lá adiante você verá um pipoqueiro, todo santo dia ele chega cedo prepara seu ambiente de trabalho e vende suas pipocas. Observe também as pessoas correndo para manter-se em forma antes que a velhice os atinja o que será inevitável... Observou?
Matheus: Sim...
Aprício: Notou que todos estão sorrindo?
Matheus: Sim, mas...
Aprício: Correto, eles estão sorrindo, mas não quer dizer que sejam totalmente felizes. Notou mais alguma coisa no parque?
Matheus: (surpreso) Certamente, aquele homem lá naquele outro lado sentado no banco...
Aprício: Sabe quem é ele?
Matheus: Não faço a menor idéia...
Aprício: É um poeta...
Matheus: Mais um sonhador...
Aprício: Sim, mais um rico sonhador.
Matheus: Por que rico sonhador?
Aprício: Todo poeta é livre em outro mundo e almeja a mesma liberdade para esse mundo...
Matheus: Agora quem está sonhado é você...
Aprício: Aprício, esse é o meu nome.
Aprício: Como já o tinha falado antes, todas as manhãs estou aqui e aquele poeta também. Sempre calado, escrevendo alguma coisa naquele papel, quase nunca dá um sorriso e depois de escrever muito vai embora no mesmo silêncio que chegou... Eu sempre achei isso estranho. Até que um dia ele deixou no banco um papel com tudo que havia escrito e lá fui eu pegar pára ler. Para minha surpresa ele havia escrito um poema sobre o nosso parque...
Matheus: O que tinha escrito no papel?
Aprício: Um poema chamado

“Parque do Sol”
- Hoje apesar de todo esplendor do Rei Sol
Minhas feridas carnais e espirituais
Estão sendo a companhia que não me deixa só
Crianças tão inocentes que jamais
Entenderão a alegria da inocência
O pipoqueiro que apesar de sua aparência
Carrega no olhar o significado da esperança
Os jovens corredores gastam energia na ilusão
De retroceder o tempo e voltar a ser criança.
Aquele pobre homem sentado lendo jornal
Espero que ele tenha discernimento
As noticias deixa névoa no âmago espiritual
Os humanos se alimentam de maldade pelo pensamento.
Tudo vejo e ainda sou cego
Ainda tem quem queira tirar a vida
Mesmo sabendo que a partida
Antes do prometido é tido
Como prejuízo a investida
Que o Criador nos concedeu
Ainda diz que tudo sofreu
Ninguém deu valor a sua caminhada
Teve uma vida envergonhada
Por não lograr as fortunas do mundo
Imundo pensamento porque a todo
Momento somos mais ricos em discernimento.
Viver é um risco passageiro
Nessa terra somos simplesmente
Forasteiro...
Caminhando vou sem querer
Saber como vou... E vôo.

Matheus: Aprício, você ainda tem esse papel?
Aprício: Não, li, memorizei e devolvi ao mesmo banco. No outro dia o poeta pegou o papel de volta...
Matheus: Ele relatou tudo que se passa aqui no parque e ainda adivinhou que eu apareceria, como pode ser isso?
Aprício: Vai entender o que se passa na cabeça de um poeta... Para que saber o nome dele. Um dia ele se vai e que fica é a sua escrita para um mundo ainda em construção.
Matheus: Vou para casa... Até mais Aprício e muito obrigado.
Aprício: Tchau Matheus, viva, viva e Viva.


Fim


Fernando Matos
Poeta Pernambucano



sábado, 1 de dezembro de 2018

Lembrança Apagada


Lembrança Apagada



O movimento ficou mais curto e devagar
Aquele abraço forte se perdeu no vento
A foto amarelada, ninguém mais faz lembrar
Tudo um dia foi favorável ao real sentimento.

Consideração já perdeu o valor no dicionário
Promessas foram meramente pura ilusão...
Um castigo cruel a qualquer coração...
A verdade é mais forte quando reside no imaginário.

Distraído em algum livro, caminho solitário...
De que adianta se o espírito não for lido?
Reconhecimento nasce para ser esquecido...
A lembrança da Origem jamais seja meu calvário.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano




quarta-feira, 21 de novembro de 2018

A Morte de Papai Noel

A Morte de Papai Noel


Todo Ser Humano tem seu sonho de cidade perfeita e às vezes se perde na esperança vazia que esse lugar possa não existir. A cidade de Estrela do Norte é uma dessas cidades e vive no centro de nossos sonhos e nesse lugar vive uma criança de nome Joaquim, filho dos comerciantes Sr. Juvenal e Dona Terezinha (Tetê para os mais chegados). Joaquim era uma criança serelepe, cheia de vida e muito amor para dar. Sempre que solicitado lá estava ele para ajudar sem se queixar de nada e sempre foi muito solidário além de querer desde cedo apreender o ofício dos pais. A meninada da cidade adorava quando o nosso Joaquim inventava uma nova brincadeira ou um novo brinquedo. Isso mesmo, ele criava seus próprios brinquedos e quando não os queriam mais doava para quem nunca teve condições de comprar... Uma pessoa assim existe mesmo? Ta aí o Joaquim que não deixa ninguém mentir, pelo menos as pessoas de sua cidade natal. 


Joaquim cresceu e nunca entendeu porque as pessoas gastavam tanto na época natalina... Certa vez perguntou a sua genitora: - Mãe, por que as pessoas gostam tanto desse “Papai Noel” e não daquele que nasceu para dar a vida por seus irmãos? A sua mãe respondeu: - Filho, cada um deposita sua fé naquilo que acredita e não seremos nós que iremos julgá-los... Joaquim ouviu atentamente sua mãe, mas não se convenceu. Os dias foram passando e o Joaquim cada vez mais inteligente e seus pais envelhecendo no mesmo ritmo, até que um dia seus pais foram vítimas de um grave acidente de carro e o Joaquim com seus mais de vinte anos tornou-se herdeiro de uma fortuna deixada pelos seus pais. Tempo bom para o comércio e ruim para a vida de alguns desafortunados que já sem idade não conseguia trabalho mais na cidade. O Natal novamente chegou e o Joaquim que gostava muito de comer delicias que sua mãe preparava não se deu conta dos seus 130 quilos, isso mesmo e com o falecimento dos pais ele passou a comer ainda mais para compensar a falta, além de deixar a barba crescer. Já havia recebido o apelido de “Papai Noel” do Estrela Norte, fato que lhe incomodava e muito, mesmo ele sendo uma pessoa bondosa e solidária. Enquanto a cidade de Estrela do Norte se arrumava para mais um Natal o Joaquim teve um lampejo e decidiu que ninguém mais na sua cidade passaria fome ou deixaria de ganhar um presente na noite de Natal. Assim o fez, deu alimentação para todos os moradores de rua e para cada morador de sua cidade uma lembrança natalina com os cumprimentos da Família Silva (sobrenome do Joaquim). Só um probleminha aconteceu nessa noite tão festiva, o Joaquim sem querer errou o endereço de todos na cidade forçando a todos a fazer a troca das lembranças recebidas na mesma noite... Joaquim por sua vez achou isso muito divertido e passou a repetir esse erro nas festas natalinas seguintes. Isso se tornou tradição em Estrela do Norte. 


Nosso velho amigo solidário só não contava com o avanço da idade e com seus mais de setenta anos e com a mesma determinação de um jovem de vinte poucos anos nem pensava em parar de ofertar noites maravilhosas no dia em que se deveria comemorar a “Fraternidade” e a “Universalidade” do Amor Divino. Em certa noite ao sair para entregar suas encomendas natalinas Joaquim passou mal e foi levado para o hospital mais próximo onde recebeu o pronto atendimento. Toda a cidade ficou sabendo o que houve com o Joaquim e correram para o hospital onde montaram vigília mesmo sendo Noite de Natal. O primeiro boletim médico não dava boas esperanças para o Nobre Joaquim e uma criança ao ouvir as palavras dos médicos, perguntou: “Papai Noel”, Joaquim vai morrer? O Médico e todos ficaram em total silêncio sem saber o que responder e passaram a fazer orações. Horas depois chegou à notícia que nenhum morador de Estrela do Norte estava esperando... Às 23 horas e 30 minutos do dia 24 dezembro do ano da Graça Divina morreu o Sr. Joaquim Silva, filho de Dona Terezinha e Sr. Juvenal Silva... As luzes da cidade apagaram-se e uma enorme tristeza pairou no ar. As crianças que lá estavam como forma de oração cantou essa famosa linda canção: 


Noite feliz, noite feliz
Ó senhor, Deus de amor
Pobrezinho nasceu em Belém
Eis na lapa, Jesus nosso bem
Dorme em paz, ó Jesus
Dorme em paz, ó Jesus

Noite feliz, noite feliz
Eis que no ar vem cantar
Aos pastores os anjos dos céus
Anunciando a chegada de Deus
De Jesus, Salvador!
De Jesus, Salvador!

Noite feliz, noite feliz
Ó senhor, Deus de amor
Pobrezinho nasceu em Belém
Eis na lapa, Jesus nosso bem
Dorme em paz, ó Jesus
Dorme em paz, ó Jesus

Noite feliz, noite feliz
Eis que no ar vem cantar
Aos pastores os anjos dos céus
Anunciando a chegada de Deus
De Jesus, Salvador!
De Jesus, Salvador!


Essa linda melodia entoou por toda a Cidade de Estrela do Norte e de repente uma forte Luz surgiu em cima do Hospital e quanto mais às pessoas cantavam e se abraçavam mais forte essa Luz ficava e subia para o céu brilhante de estrelas. Então todos perceberam que Joaquim não havia morrido e sim se transformado na Luz da Esperança... A Crença que tudo de bom possa acontecer se cada Ser Humano assim fizer por merecer. Fazer crescer as três Virtudes da Salvação: Fé, Caridade e Esperança. 


Feliz (Transformação) Natal 


Fernando Matos
Poeta Pernambucano

Contribuição Com Correção Literária da Nobre Poetisa Olindense Adriana Barbosa Do Carmo