terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Pelas Ruas que Vou


Pelas que Ruas que Vou



É ali onde às pessoas conversam
Na folia aberta do largo varadouro
Blocos e troças o ancoradouro
De olhares que se encontram.

Sorrisos ingênuos se encantam
Subindo a quinze de novembro
O sorriso lindo... Ainda me lembro
Brilhos de Pierrot e colombina extasiam.

Na Rua de São Bento o frevo cresce
Mercado da Ribeira a história se refaz
Folião de coração mostra o que é capaz
Nos Quatro Cantos o fogo logo aquece.

Subindo a Ladeira da Misericórdia
Resistência da menina e do rapaz
Mostrando a sua alegria e todo o gás
A folia não tem lugar para discórdia.

Tudo agora é um só bloco em canção
Descendo a Rua do Bonfim
A geometria do carnaval não tem fim
Que se entrega à folia da criação.

Pernambucano é com certeza assim
Um brincante sem moderação
Olinda onde tudo é invenção
Despeço-me num adeus sem fim.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano

domingo, 28 de janeiro de 2018

Tributo ao Poeta


Tributo ao Poeta



O que será da minha carne
Quando dessa vida inóspita partir?
Nada é eterno no mundo etéreo porvir.
Corpo frio e a alma que arde...


Que animais desse luto irão se alimentar?
Imundos talvez, nem lavem as mãos.
Pobres e com fome saciam-se sem bênçãos
A carne é podre, todos deverão vomitar.


No final irei morar na última viela,
Ausente de luz e vizinhos inconvenientes
Que nunca entenderam as lamúrias pertinentes.
Todos choram e logo não haverá nem luz de vela.

Fernando Matos
Poeta Pernambucano


sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Matéria de Capa

Matéria de Capa



Todos me olham por andar maltrapilho
Nem todos entendem o meu olhar triste
Só o Divino Pai a alma que aqui existe
A sociedade valoriza apenas quem tem brilho.
Não existo onde tudo acontece, sou andarilho...
Nunca um braço forte pôde me acolher
A fome é real para quem não escolheu sofrer
A vida só acontece para quem tem sobrenome
As noites frias já apagaram até o meu nome
A verdade não vem para quem quer tudo esquecer.


Apenas peço um pouco de entendimento
Não estou aqui para fazer nenhum mal
Os malvados são matéria de capa no jornal
Do rico ao pobre todos guardam sentimento
Talvez não tenha recebido o devido sacramento
Meu corpo não pede mais que um pedaço de pão
Ao passar demonstre um pouco de atenção
Todos têm o direito da vinda e da partida
Com um futuro incerto da Terra Prometida
Só me resta a glória do infinito perdão...


Fernando Matos
Poeta Pernambucano

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Relutância

Relutância



Ideia constituída na base da Liberdade
Braços fortes pavimentam com palavras
Uma nova estrada sem desigualdade
Retirando do passado velhas farpas.


Direitos e deveres antecedem o grito
Da democracia onde buscamos todos
Os dias o tão sonhado progresso
Todavia faz se necessário a construção
De um pensamento de educação contínua,
Formando o cidadão consciente apartidário
Confirmamos a defesa patriótica
Que nos livra ao amanhã tão presente
Da inconsequente retórica idealista
Sem fundamentação... 


Porque só os justos farão justiça
Com a Razão de Ser e Existir
Conquistando o Direito merecedor
De um cidadão Livre em Ir e Vir.


A Resistência não começa na cartilha
Tão pouco conseguirá sobreviver
Na Solitária Ilha Pessoal
Somos livres além da cerca animal
A Vitória só virá aos que fazem por merecer.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano


sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Transparente

Transparente



Hoje não fui capaz de descortinar
Minha imagem no imenso universo
A luz interior não evoluiu ao atravessar
Deixando-me ausente de vida e sem reflexo.

Não houve permissão óptica da nitidez
A imagem estava opaca na tela
Da existência confundindo minha lucidez
Seguindo ausente no barco sem vela.

Instintos completamente diáfanos
Amargurado coloquei a mão no peito
Foi o único jeito de sentir o coração
Uma lágrima desfilou pelo rosto
Caindo em despedida no buraco ao chão.
A terra absorveu o enorme lamento
Fez ao Ser errante um forte juramento.
Que o fogo que arde na sua existência
Tenha complacência do vosso plangor
Respire o ar que seu corpo eflui
Assim conclui que acima de mim o Poder
Manifesta-se como meu embaixador...
A luz do sol que no poente se perde
Emerge a minha energia que sempre
Guia-me... Não estou mais transparente.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano

sábado, 13 de janeiro de 2018

Alma Multicolorida

Alma Multicolorida



Quando o sol desaparecer no horizonte
Chegará o toque das alfaias reverberando
Os corações e atravessando a ponte
Do real em direção às ilusões dionisíacas.

É chagada a hora de recolorir a fantasia
Cantarolar velhas e novas canções
Que bailaram corações e antigas sombrinhas
Subindo e descendo ladeiras seguindo
As nações do nosso passado...
Agora revigorado pelas novas gerações.

Quando o calor do astro rei esquentar
O asfalto e o Galo da Madrugada
Cantar a Aurora das nossas imaginações
Os sonhos terão outras ilusões
Reverenciando o ritual majestoso
Do nosso folguedo multicultural.

Com a alma polida e o corpo preparado
Estarei com a sobrinha colorida
Brincante na energia nostálgica da Frevioca
Ritmado entre confetes na avenida.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Integralidade

Integralidade



A primeira vez que fizemos sexo
Foi através de um lindo olhar.
Você falou que nunca amou
Com tanta perfeição...
Fica então uma dúvida no ar:
Quem primeiro a semente plantou?

O sorriso maroto não mostrava
A ingenuidade de uma adolescente
Tudo inocente e a cada instante
Todo o mais se revelava...
A silhueta escondida atrás do véu vermelho
Era o espelho do elo perdido.

Uma mão recebe e a outra oferece
Nas íntimas e delicadas carícias
Nossas primícias revelavam a prece
De o novo amanhecer...
Nada a pedir e o silêncio do amor
A integralidade da alma a oferecer.


Fernando Matos
Poeta Pernambucano





quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Volúpia

Volúpia



Antes do despertar da nova manhã
Senti o teu cheiro doce e afrodisíaco
Tocou o meu prazer com puro afã
A fertilidade anunciava o fado dionisíaco.

Senti o aroma do café energético
Passei a cantarolar uma desconhecida melodia
Diante da linda silhueta inebriante
Congelei por um instante, fiquei cético
Duas peças bem distintas em clássica harmonia.

Abduzido pelo presente e eterno tempo
A energia da libido retorna com força voraz
Desejo-te além da pintura do pensamento
Ouvir teus eruditos gritos de volúpia me apraz.

Fernando Matos
Poeta Pernambucano


segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Árvore da Vida

Árvore da Vida


Algumas decisões são eternas
O suspiro da alma é um doce amargo
Não oferte falsas esperanças as suas pernas
A própria imagem às vezes é o reflexo do bizarro.

Caminhe como a noite no escuro,
Respire como o vento do deserto
Seja esperto em cada alvorecer
Usando o silêncio do Senhor dos Tempos
Na disciplina da evolução do Ser Imortal.

Seja suave como o calor do sol
Ouça sua própria respiração
Evite cair na própria cilada
Levando a destruição da razão
Então, jamais estarás só na estrada

Faça das suas lágrimas
A fonte de energia
A lua nunca perde seu brilho
Quando o dia vai embora
Sem demora abra inicialmente
O portal da Verdade em vossa mente.

Porque o Coração da Árvore da Vida
Saberá para onde deverás crescer
De jeito algum consinta uma visão destorcida
O último elemento para evolução é você.

Fernando Matos
Poeta Pernambucano